Lady Gaga faz história em Copacabana com show apoteótico diante da maior plateia de sua carreira
Lady Gaga em Copacabana
Na noite de sábado (3), a Praia de Copacabana viveu um daqueles momentos que entram para a história da música mundial. Lady Gaga, um dos maiores ícones do pop contemporâneo, voltou ao Brasil com uma performance arrebatadora e emocionada diante de uma multidão estimada entre 2,1 e 2,5 milhões de pessoas — segundo a Riotur e a própria artista, respectivamente. A apresentação entrou para os livros como o maior público da carreira da cantora e também como o maior já registrado por uma artista feminina no mundo.
Turnê Mayhem
O espetáculo fez parte da turnê Mayhem, baseada em seu sexto álbum de estúdio, e manteve o roteiro das outras apresentações da era: uma poderosa “ópera gótica” em cinco atos, meticulosamente construída em torno do conceito de caos pessoal e reconstrução artística. Mesmo assim, Gaga conseguiu inserir elementos únicos que tocaram diretamente o público brasileiro.
Logo após cantar “Paparazzi”, a diva vestiu um deslumbrante traje nas cores da bandeira nacional e fez um comovente discurso. Com os olhos marejados e a voz embargada, disse:
“Hoje à noite, estamos fazendo história, mas ninguém faz história sozinha. O povo do Brasil é a razão pela qual eu posso brilhar.”
A plateia foi à loucura quando Gaga agradeceu ao país por tê-la esperado, referindo-se à sua ausência em 2017, quando precisou cancelar sua apresentação no Rock in Rio por causa da fibromialgia.
“Talvez vocês estejam se perguntando por que eu demorei tanto. Eu estava me curando, ficando mais forte. Brasil, eu estou pronta.”
Uma jornada sonora e visual
Com 25 minutos de atraso, o show começou com a leitura do manifesto do álbum Mayhem, introduzindo o embate interno de Stefani Germanotta (nome real da cantora) e sua busca por reinvenção. O setlist transitou entre faixas dos álbuns Mayhem, The Fame e Born This Way, em um equilíbrio perfeito entre o dance pop agressivo, baladas dramáticas e rock visceral.
Os cinco atos da apresentação foram divididos por temáticas densas e visuais teatrais. O primeiro, “De veludo e vício”, mergulhou em trevas religiosas com “Bloody Mary”, “Judas” e a potente “Garden of Eden”, que teve Gaga empunhando uma guitarra. O ápice veio com uma versão grandiosa de “Poker Face”, encerrada com um remix de “Abracadabra”, um dos hits atuais.
Na sequência, o show entrou em um “sonho gótico”, com nuances de soul pop e letras que refletiam os conflitos da fama. Faixas como “Perfect Celebrity” e “Alejandro” prepararam o terreno para o lado mais intimista da apresentação. O terceiro bloco, com roupagem roqueira, deu destaque à banda que a acompanha e incluiu momentos de catarse em músicas como “Killah”, “Zombieboy” e a romântica “How Bad Do U Want Me”, onde seus dançarinos surgiram com camisas da seleção brasileira.
O coração do monstro
A parte final foi marcada pela introspecção e pela celebração. O bloco “Ária eterna do coração monstro” trouxe uma metáfora dramática sobre renascimento, com Gaga interpretando uma criatura que precisa se curar após uma cirurgia simbólica. O encerramento veio com “Bad Romance”, entoada em uníssono por milhões, e deixou a sensação de que todos ali participaram de algo maior que um show: uma experiência espiritual e artística.
Despedida e gratidão
No domingo (4), a cantora se despediu do Rio de Janeiro em clima de emoção. Escoltada pela Polícia Militar, deixou o Copacabana Palace rumo ao Aeroporto Internacional do Galeão. Pouco antes de embarcar, publicou em suas redes sociais:
“Nada poderia ter me preparado para o sentimento que tive durante o show de ontem à noite – o orgulho e a alegria absolutos que senti ao cantar para o povo do Brasil. Obrigada, Rio, por esperar que eu voltasse. Eu amo você. Jamais esquecerei esse momento.”
